sábado, 9 de abril de 2011

Dinâmica do Pólo Petrolina-Juazeiro



Infraestrutura urbana é o conjunto de obras que constituem os suportes do funcionamento das cidades e que possibilitam o uso urbano do solo. No centro de Juazeiro é notório que a infraestrutura é bem melhor do que nas áreas periféricas da cidade, pois a mesma possui calçamento, esgotamento sanitário e abastecimento de água. O fato de essa área receber grande fluxo de pessoas diariamente exige que sua infraestrutura seja adequada para suportar e satisfazer seus visitantes. Já nas áreas periféricas da cidade percebem-se menos investimentos por parte do poder público e privado.
FAZENDAS SPECIAL FRUIT

As Fazendas Special Fruit são hoje uma referência na produção e exportação de frutas no Vale do são Francisco. Com uma área de mais de quatrocentos hectares de terras, nestas fazendas cultiva-se uva, manga e outras frutas, além de preparar estas frutas para a exportação, o que exige mão-de-obra qualificada, especialmente nos galpões, pois o trabalho ali requer bastante higiene para garantir a melhor qualidade possível das frutas. Estas estão sendo exportadas para países da Europa e Estadas Unidos, além de países do MERCOSUL. O refugo, as frutas que não passam no teste de qualidade, são vendidas para atravessadores da região, conhecidos como refugadores que, por sua vez, as vendem, muitas vezes, no Mercado do Produtor em Juazeiro, para barraqueiros de outras regiões.
Quando iniciou suas atividades, o Sr. Suemy Koshiyama, dispunha de bem menos terras do que agora. Com o aumento da produção e, mais tarde a exportação, ele começou expandir a área de suas terras, e hoje é um dos maiores latifundiários do Vale do São Francisco.
Em suas fazendas trabalham cerca de quatrocentas até duas mil pessoas durante o cultivo das frutas. Estas pessoas moram, geralmente, na periferia de Juazeiro e em alguns povoados e distritos próximos as fazendas. Muitas vezes, esses trabalhadores vivem sob as piores condições - falta saneamento básico, pavimentação, área de lazer e, por incrível que pareça, até segurança – nos lugares onde moram. ‘Cerca de dois terços dos empregos agrícolas são temporários’ (Bloch, 1996), na região de Juazeiro e Petrolina. Isso explica por que tantas famílias vivem em condições insalubres na periferia da cidade de Juazeiro.

VINÍCOLA OURO VERDE

A Vinícola Ouro Verde está localizada no município de Casa Nova na Bahia. Conta com o apoio de quatro enólogos (pessoas que elaboram vinhos), trabalhando por tempo integral na produção de vinhos finos, espumantes e brandy (conhaque). Na fazenda são cultivadas somente uvas próprias para a fabricação das bebidas, cerca de quinze a vinte variações: Merlot, Sauvignon Blanc, Cabernet Sauvignon, Tannat, Shiraz são alguns exemplos. Em virtude do clima tropical semiárido com grande incidência de insolação e baixa precipitação de chuvas, os vinhedos são irrigados pelo sistema de gotejamento, similar ao utilizado em outras regiões do mundo.  A Vinícola Ouro Verde, já existe a mais de 20 anos, a qual recentemente, foi totalmente reformada e ampliada para atender a atual demanda.

O grupo já possui seis projetos em cinco regiões vitivinícolas brasileiras: Vinícola Miolo (Vale dos Vinhedos, RS), Seival Estate (Campanha, RS), Vinícola Almadén (Campanha, RS), RAR (Campos de Cima da Serra, RS), Lovara Vinhas e Vinhos (Serra Gaúcha, RS) e Vinícola Ouro Verde (Vale do São Francisco, BA).
“Para se produzir um bom vinho é necessário uma boa uva”, segundo Rafael, enólogo responsável pela produção de vinhos da Vinícola Ouro Verde. No período das chuvas, a uva fica cheia de água, reduzindo, assim, o teor de ácido, tornando-as impróprias para o uso. A vinícola chega a produzir até três safras por ano, o que garante a produção de cerca de 2 milhões a 2,5 milhões de litros de vinhos ao ano. Hoje a vinícola é a terceira maior produtora de vinhos finos no Brasil.
Parte do vinho é exportada para a República Theca, conjugada com a exportação de frutas do Vale do são Francisco, justifica a instalação e funcionamento de um aeroporto internacional na cidade de Petrolina, próximo da Vinícola Ouro Verde. O vinho no Brasil é bem mais caro do que em outros países, por que o imposto da bebida chega a 40%, o que explica o motivo do brasileiro degustar tão pouco vinho de qualidade.

USINA HIDROELÉTRICA DE SOBRADINHO

Localizada no terceiro maior lago artificial do mundo, o maior da América Latina, a Usina Hidroelétrica de Sobradinho, gera e exporta energia para toda a Região de Juazeiro e para várias cidades da Bahia, inclusive para a Microrregião de Irecê. A CHESF (Companhia Hidroelétrica do São Francisco) é responsável pelo funcionamento e manutenção da hidroelétrica.
Para a instalação da usina fez-se necessário o evacuamento das pessoas que moravam nas cidades ribeirinhas de Sobradinho, Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado e Remanso, pois as águas do lago inundariam estas cidades. Para isso foi feito um acordo entre a CHESF e os moradores dessas cidades. Cada família receberia o equivalente aquilo que possuía que seria inundado pelas águas.
Hoje existe um consórcio de energia entre as diversas usinas no Brasil. Quando falta energia em uma delas, as outras poderão fornecê-la, pois estão interligadas por meios de cabos.
MERCADO DO PRODUTOR DE JUAZEIRO

Consiste na compra e venda de produtos agrícolas, frutas e legumes, oriundas de Juazeiro e de outras cidades, inclusive de outras regiões, destaque para a pinha, que vem da Região de Irecê. Neste mercado, a maior parte das frutas comercializadas são refugos das fazendas da região.
O espaço físico do Mercado do Produtor é dividido em dois depósitos, para facilitar a procura dos produtos: de um lado está a venda no atacado e do outro, em varejo. Há bastante movimentação no mercado. Caminhões entrando e saindo carregados de frutas, mas uma coisa chama a atenção dos visitantes: carroças de tração animal circulam livremente por meio dos caminhões, carregadas de frutas, trazidas por pequenos agricultores da região.
No Mercado do Produtor, porém, o comércio não limite apenas a compra e venda de frutas e outros produtos irrigados, também oferecem outros serviços. Há pequenas lojas de confecções, bares, lanchonetes e, inclusive restaurantes, instalados perto de toda uma infraestrutura considerada imprópria para a comercialização de comidas prontas. Uma área saturada de córregos fétidos, cheia de restos de frutas estragadas jogadas a esmo.
REFERÊNCIAS
   
FILHO, S. F. S. O. XAVIER, L. F. Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Economia da UFPE (Pimes). Graduandos em Ciências Econômicas pela UFPE.  COSTA, E. F. Professor de Economia do Departamento de Economia/Pós Graduação em Economia (Pimes), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) M. S. e Ph.D. em Economia Agrícola (University of Georgia), 2001.
BLOCH, Didier. As frutas amargas do Velho Chico: Irrigação e Desenvolvimento no Vale do São Francisco. São Paulo: Livros da Terra-Orfam, 1996.


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