sábado, 16 de abril de 2011

Usos e abusos da água em Juazeiro Bahia


A água é fundamental para a manutenção das formas de vida bem como para a formação de minerais, de rochas e de solos. O rio são Francisco, grande portador desse bem tão precioso, se expande desde sua nascente em Medeiros MG na Serra da Canastra até, o Oceano Atlântico drenando uma área de aproximadamente 641 000 km² e atingindo 2 830 km de extensão. Em todo seu percurso é usado e abusado pelo homem em várias atividades: pesca, irrigação, distribuição de água nos centros urbanos, agricultura, pecuária entre outros. Mesmo com a consciência de que o rio é uma fonte de vida imprescindível o que se nota ao longo do seu percurso é o descaso com sua existência e manutenção o que contribui para a possível extinção do mesmo, pois, apesar de ter em alguns trechos um curso alto de água, atravessa uma área de clima seco, o que faz diminuir e muito sua capacidade.
Também conhecido como Velho Chico é esse o rio que sustenta muitas vidas especialmente os moradores ribeirinhos que se valem dessas águas. Usam para o consumo doméstico, em pequenas plantações e para os animais além de tirar dele a pesca, alimento que até hoje sustenta comunidades inteiras. Mas muitos dos povoados ribeirinhos não possuem nenhum tratamento de esgoto doméstico e industriais lançando-os diretamente no rio, além de necessitarem da madeira para a produção de lenha, provocando uma grande poluição, e um enorme desmatamento que volta a prejudicar quem mais necessita dos recursos extraídos.
O uso inconseqüente dos recursos hídricos, minerais, vegetais e humanos de toda a bacia do Rio São Francisco trouxe danos, a toda a região, assoreamento, desmatamento, erosão e poluição são problemas enfrentados pela população. Esses problemas estão ligados diretamente com as atividades econômicas desenvolvidas, o uso indiscriminado dos recursos naturais é, atualmente, o maior perigo à sobrevivência do rio.
Por ser um rio de grande porte o São Francisco é utilizado para enriquecimento econômico. As jazidas minerais encontradas em alguns trechos é um forte fator econômico que ajuda no desenvolvimento dos centros urbanos o qual também faz uso das águas do rio em todas as atividades necessárias. A cidade de Juazeiro é considerada a mais industrializada do vale do São Francisco, pois a mesma conta em seu distrito industrial (DISF - Distrito Industrial do São Francisco) com diversas indústrias e outros tipos de empresas. As indústrias que se encontram em cidades próximas ao rio são as grandes responsáveis pela degradação e poluição das águas, a ação dos garimpeiros também soma sua parcela de culpa neste prejuízo.
O uso mais freqüente das águas do rio é na agricultura que concentra grandes plantações de frutas tropicais gerando muitos empregos e um grande rendimento econômico.  A região compreendida pelas cidades de Juazeiro e Petrolina tornou-se o maior centro produtor de frutas tropicais do país, tendo destaque para os cultivos de manga, uva, melancia, melão, coco, banana, dentre outros; este desempenho é responsável pela crescente exportação de frutas além da produção de vegetais a região é conhecida nacional e internacionalmente pela produção e qualidade dos vinhos, que tiveram grande crescimento com a implantação de mecanismos de irrigação, porém a agricultura irrigada prejudica com grande intensidade o curso do rio, começando com o desmatamento da mata ciliar, a qual protege o leito do rio, deixando-o a mercê das grandes enxurradas que carregam detritos para o seu leito, num processo violento de erosão; e termina por depositar agrotóxicos em suas águas prejudicando a vida aquática.
A agropecuária também se destaca como atividade relacionada diretamente com o rio São Francisco a criação de gado se espalha ao longo do rio em pequena e grande escala dando, infelizmente, sua contribuição para a devastação do Velho Chico.
O Rio São Francisco, em toda sua extensão possui 5 hidrelétricas, distribuindo energia por onde passa, contribuindo para o avanço social e econômico. A energia hidrelétrica começa com a construção de uma barragem para represar a água do rio e criar forte pressão. Essa construção da usina interfere no meio ambiente, com a produção de gases poluentes, nos climas das áreas próximas e a dinâmica do rio que passa a ser controlada pela barragem. Por fim é uma grande devastação com reflexos diretos na vegetação e vida animal, sem contar que prejudica a atividade pesqueira ameaçando a sobrevivência das espécies animais e humanas.  
O rio se doa como fonte de vida e além de todas as utilidades citadas acima, é ainda lugar do prazer, do lazer, de divertimento, muitas pessoas aproveitam o Velho Chico como ponto turístico, o que além de ser muito prazeroso é ainda um meio econômico muito lucrativo, A ilha do Rodeadouro, que está a 12 km de distância do centro de Juazeiro BA, é uma das mais freqüentadas da região, com praias de areias alvas e excelentes para banho. Com uma razoável infra-estrutura a ilha possui barracas onde os visitantes podem degustar os mais variados pratos da região. Há também espaço para camping, onde as pessoas podem passar os fins de semana usufruindo as belezas naturais do local. Mas, precisa se pensar em uma forma de turismo sustentável e adequada visando sempre o bem estar do rio, evitando o esgotamento da fonte possibilitando que futuras gerações contemplem as paisagens do Velho Chico, suas grutas, cachoeiras e as diversas atividades proporcionadas por ele.
O rio São Francisco, Velho Chico, como queiram, se agoniza com a diminuição do seu volume prejudicado por todos esses fatores da ação humana em busca de desenvolvimento social e econômico. A vida se desfaz, a beleza some aos olhos do homem e o rio morre aos poucos perdendo sua firmeza natural atingido pela violência que sofre ao longo do seu curso.
O homem em sã consciência usa e abusa dos recursos naturais buscando a grandeza, a transformação, mas sem cautela acaba por destruir a si próprio, pois depende constantemente dessa natureza tão rica. O rio São Francisco precisa ser revitalizado.
“O homem chega, já desfaz a natureza
Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
o São Francisco lá pra cima da Bahia
diz que dia menos dia vai subir bem devagar e
 
passo a passo vai cumprindo a profecia do beato
que dizia que o Sertão ia alagar o sertão vai virar mar, dá no coração
o medo que algum dia o mar também vire sertão”

Sá e Guarabira




REFERENCIAS

MOREIRA, G.; Transposição do Rio São Francisco, um crime ambiental e social.
RADICCHI, Bruna. Fonte Rota Brasil Oeste02/11/01r/.
WWW. Educacional.com.br/ reportagens/Maceió/sfrancisco.asp. 16/03/2011. 19:40.
 

Atividades Sócio-econômicas de Juazeiro

O porto fluvial se tornou uma importante rota de transação comercial pelos sertões, bem como de comunicação, pois circulavam negócios, informações e viajantes. Juazeiro iniciava o processo de urbanização de suas praças, demonstrava preocupação em prover a comunidade com assistência à saúde por meio da Santa Casa de Misericórdia. Também procurava viabilizar o acesso à educação formal com o funcionamento de duas escolas primárias.
O município de Juazeiro está localizado na Microrregião do Baixo Médio São Francisco. Segundo a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) e conforme a divisão político-administrativa vigente desde fins dos anos 80, a Região Baixo Médio São Francisco é identificada pelo IBGE, como Microrregião de Juazeiro, para fins de levantamento censitário. Esta região compõe-se de oito municípios: Campo Alegre de Lourdes, Casa Nova, Curaçá, Juazeiro, Pilão Arcado, Remanso, Sento Sé e Sobradinho. Juazeiro encontra-se a Leste com o Município de Curaçá, a Sul com Jaguarari e Campo Formoso, a Oeste com Sobradinho e a Norte com o Estado de Pernambuco. Está em uma altitude de 383 metros, nas coordenadas geográficas 09°41’00 de latitude sul e 40°50’00” de longitude oeste. Seu acesso a partir de Salvador é efetuado pelas rodovias pavimentadas BR-324, BR-116 e BR- 407 num percurso total de 500 km. O município de Juazeiro surgiu a partir de um próspero comércio que foi se desenvolvendo às margens do Rio São Francisco, no principal ponto de divisa entre os Estados da Bahia e Pernambuco, onde era o porto de passagem de tropeiros e comerciantes. A partir daí, Juazeiro (criado em 1833) transformou-se em um moderno pólo agro-industrial, com intensa atividade de exportação. A cidade modernizou-se com a urbanização da orla fluvial e com o novo visual dos arcos da ponte Eurico Gaspar Dutra, agora ocupados por pequenos bares e restaurantes. 
Entre os anos de 1878 e 1885 a cidade estruturava-se como um emergente centro comercial e urbano.  Urbanização é um conceito geográfico que representa o desenvolvimento das cidades. Neste processo, ocorre a construção de casas, prédios, redes de esgoto, ruas, avenidas, escolas, hospitais, rede elétrica, shoppings, etc. Este desenvolvimento urbano é acompanhado de crescimento populacional, pois muitas pessoas passam a buscar a infra-estrutura das cidades. A urbanização, quando planejada, apresenta significativos benefícios para os habitantes. Porém, quando não há planejamento urbano, os problemas sociais se multiplicam nas cidades como, por exemplo, criminalidade, desemprego, poluição, destruição do meio ambiente e desenvolvimento de subhabitações. Segundo Corrêa (2002, p. 8) o espaço urbano é um reflexo tanto de ações que se realizam no presente como também daquelas que se realizaram no passado e que deixaram suas marcas impressas nas formas espaciais do presente. Para ele, “ao se constatar que o espaço urbano é simultaneamente fragmentado e articulado, e que esta divisão articulada é a expressão espacial de processos sociais, introduz-se um terceiro momento de apreensão do espaço urbano: é um reflexo da sociedade”. O espaço urbano aparece no primeiro momento de sua apreensão, como um espaço fragmentado, caracterizado pela justaposição de diferentes paisagens e uso da terra. Na grande cidade capitalista estas paisagens e usos se originam um rico mosaico urbano constituído pelo núcleo central, a zona periférica do centro, áreas industriais, subcentros terciários, áreas residenciais distintas em termo de forma e conteúdo, como favelas e os condomínios de luxo (Corrêa, 2005, p.145). As cidades são pontos de interseção e superposição entre as horizontalidades e verticalidades. Elas oferecem os meios para o consumo intermediário das empresas. O urbano é um produto do processo de produção de um determinado momento histórico, não só no que se refere à determinação econômica do processo (produção, distribuição, circulação e consumo), mas também no que se referem às determinações sociais, políticas, ideológicas, jurídicas que se articulam na totalidade da formação econômica e social. Assim, “o urbano é mais que um modo de produzir, é também um modo de consumir, pensar, sentir, enfim é um modo de vida.” Corrêa (2002, p. 9) diz que o espaço urbano é fragmentado e articulado, reflexo e condicionante social, um conjunto de símbolos e campo de lutas. Para ele a própria sociedade é dessa forma, em uma de suas dimensões, aquela mais aparente, materializada a partir das formas espaciais.  Historicamente, Juazeiro é uma referência para o centro comercial, econômico e político do Vale do Submédio São Francisco. Contudo, processos socioculturais, como a construção da Barragem de Sobradinho na década de 1970, trouxeram mudanças sociais, econômicas e políticas para a cidade que, nos anos seguintes, sem uma maior intervenção governamental e municipal, ocasionariam uma situação de estagnação econômica. As mudanças econômicas também impulsionaram e foram acompanhadas de transformações culturais e urbanísticas. Já na cidade vizinha Petrolina-Pe, observa- se que ocorreu um maior planejamento urbano. Juazeiro é uma cidade muito mais antiga que Petrolina, a vida urbana se fez de uma forma mais espontânea, a configuração do próprio centro urbano dá evidências de que o processo foi mais natural. O potencial do comércio marítimo pelo Rio São Francisco, já está no início do século XX bastante evidenciado com a atividade da Companhia de Navegação do Rio São Francisco e empresas similares que, com suas embarcações, possibilitam o tráfego intenso de gente e produtos e favorecem o desenvolvimento dessa região as margens do rio. Juazeiro, pela sua condição topográfica, passa a ser ponto de partida, da Bahia, de todas essas embarcações que sobem, e ancoradouro das que descem de Pirapora (MG) com os produtos. E dessa forma o município se faz uma cidade referência para o Médio São Francisco e foi se construindo como um centro mercantil importantíssimo na história da Bahia. Segundo Corrêa (2002) na Área Central concentram-se as principais atividades comerciais, de serviços, da gestão pública e privada, e os terminais de transportes inter-regionais e intra-urbanos. Ela se destaca na paisagem da cidade pela sua verticalização. Na cidade de Juazeiro – BA essa área central se destaca pela quantidade de fluxos recebidos, por ser uma área de influência e possuir serviços que somente são encontrados nos centros urbanos, como prefeitura, bancos, shoppings, farmácias, hospitais, etc. Nesta área, as casas comerciais são maioria, a área que não é central, denominada Periferia, é caracterizada pela presença de serviços menos elaborados, que se utilizam de menos tecnologias, e por isso, de ordem inferior, como por exemplo, padarias, armazéns, lojas de pequeno porte, mercearias, etc. Na periferia o fluxo de pessoas é bem menor que no centro, pois os serviços que são oferecidos lá não atraem tanto as pessoas quanto os disponíveis na área central da cidade. Nessas áreas periféricas, o número de casas comerciais diminui, dando espaço às casas residenciais (pericentro). Ao se distanciar do centro de Juazeiro, indo em direção à Sobradinho, nota-se a ausência de serviços, e a presença de muitas casas residenciais (subcentro). No centro de Juazeiro é notório que a infra-estrutura é bem melhor do que nas áreas periféricas da cidade. O fato de essa área receber grande fluxo de pessoas diariamente exige que sua infra-estrutura seja adequada para suportar e satisfazer seus visitantes. Já nas áreas periféricas da cidade notaram-se menos investimentos.
Vinhedo da Fazenda Special Fruit
 A Microrregião Baixo Médio São Francisco tem Juazeiro como seu principal pólo de desenvolvimento. Suas principais atividades econômicas dizem respeito à agricultura irrigada, a agropecuária, ao comércio e aos serviços. As indústrias nela instaladas, especialmente na cidade de Juazeiro, são bastante incipientes.
O Vale do São Francisco é uma das novas regiões vitivinícolas brasileiras produtoras de vinhos finos. É responsável por 95% da uva de mesa fina cultivada no país. Em virtude do clima tropical semi-árido, com grande incidência de insolação e baixa precipitação de chuvas, os vinhedos são irrigados por sistema de gotejamento. Observamos muito bem esse processo na visita realizada a Vinícola ouro Verde.

Foi a partir da implantação da barragem de Sobradinho que os maiores investimentos de porte, baseados em tecnologia moderna foram atraídos para a região de Juazeiro. Com efeito, ganham significado na sua base econômica as culturas tradicionais de cana-de-açúcar, mandioca, milho, feijão e arroz e, em especial, a pecuária bovina extensiva. A CODEVASF vem exercendo uma influência decisiva no processo de ocupação do espaço regional com a implantação de projetos de irrigação pública. Os investimentos realizados pela CODEVASF em obras de infra-estrutura hídrica na região vêm atraindo empresários do sul do país como o proprietário da Vinícola Ouro Verde para a instalação de projetos de irrigação, pois desembolsam apenas recursos nas inversões das parcelas ou lotes. É no Baixo Médio São Francisco que se localiza a região mais modernizada e diversificada de toda a Bahia na produção de frutas para exportação com base na irrigação. A especial fruit uma agroindústria localizada na zona rural de Juazeiro que produz uva e manga para o mercado europeu é um exemplo, a articulação da agricultura irrigada com atividades agroindustriais poderá ser um fator para viabilizar novos investimentos na região e produzir amplos efeitos econômicos.
As lavouras da microrregião de Juazeiro, segundo o Censo Agropecuário de 1996 do IBGE, correspondem a 16% do Valor Bruto de Produção (VBP) da agropecuária estadual, com uma atividade de elevado valor, concentrada na produção irrigada de hortifrutícolas para exportação com competitividade em escala regional, nacional e internacional. Os projetos de irrigação possibilitam ao agricultor o enfrentamento dos períodos de seca sem prejuízos a produção agrícola. O problema é que no vale do rio São Francisco, a irrigação excessiva em solos rasos, agravada pela intensa evaporação, vem causando salinização dos solos. Como conseqüência, em algumas áreas o uso do solo para a agricultura já se tornou impraticável.
A localização de Juazeiro no trecho navegável do rio São Francisco que articula as regiões produtoras do Oeste, Médio e Baixo Médio São Francisco da Bahia pode favorecer a implantação de uma infra-estrutura de transporte hidroviário que, além de possibilitar maior integração entre essas regiões, contribuiria para o desenvolvimento do turismo. Por sua vez, o lago de Sobradinho poderia ser mais bem utilizado tanto para o turismo quanto para a atividade pesqueira. Juazeiro se destaca, também, por estar na rota de mercadorias e serviços oriundos do Sudeste brasileiro e de várias regiões da Bahia para o Nordeste, e vice-versa.  Juazeiro se inclui entre as grandes concentrações urbanas do Estado da Bahia, com seus 230.538 habitantes. Destaca-se como a única cidade deste porte no Baixo Médio, reunindo sozinha quase a totalidade dos habitantes das demais cidades da região em conjunto (que é de 250.916 habitantes)
A irrigação mais intensa em Juazeiro foi posterior à construção da barragem de Sobradinho, no final de década de 70 e início da década de 80, principalmente com os projetos de colonização, pela ação do governo federal, através da SUVALE, que se transformou depois na CODEVASF. Inicialmente, a questão era levar água para a produção agrícola. O Salitre foi, naquela época, um grande celeiro nesse tipo de produção, grande parte das frutas que existia na feira de Juazeiro era quase tudo, produzido no Salitre.
No entanto, há locais aonde a implantação da irrigação vem logrando êxito bastante contundente, como é o caso do pólo Petrolina/Juazeiro, tal pólo consiste na principal experiência de sucesso na implementação de projetos de irrigação no semi-árido nordestino, apresentando elevados índices de crescimento econômico e desenvolvimento social, devido à geração de empregos e renda resultantes da implantação da agricultura irrigada na região, os municípios de Petrolina e Juazeiro conseguiram construir um capital social bastante integrado à nova realidade do pólo, sendo esta uma das possíveis razões para o relativo sucesso observado. A industrialização, por sua vez, juntamente com o desenvolvimento da agricultura irrigada, influencia indiretamente o setor de serviços, provocando efeitos positivos e negativos no nível de empregos. Gera uma alavancagem direta, que inclui o capital privado investido em atividades diretamente relacionadas à agricultura irrigada, ou seja, capital investido pelos colonos, pelas empresas e pelas agroindústrias; e alavancagem indireta, que inclui investimentos decorrentes da expansão da agricultura irrigada (no comércio, em serviços, em pequenas indústrias de equipamentos, por exemplo) ou em infra-estrutura (melhoria de estradas, aeroportos, saúde e educação). Observamos que um grande contingente populacional passa a dirigir-se para essas regiões, atraídas pelo aumento do dinamismo, em busca de emprego nos setores secundários e terciários.
A introdução dos projetos de irrigação aumentou a intensidade e a qualidade do uso do solo, o que acabou elevando a produtividade, a produção e, conseqüentemente, a renda nas unidades produtivas afetadas pela irrigação. Dessa forma, estas unidades passaram a necessitar mais trabalhadores para suprir o aumento da produção. Isto aumentou a renda, resultando em um aumento substancial do nível de emprego e esses fatos geraram efeitos multiplicadores na economia da região. Um crescimento econômico não significa necessariamente melhoria na qualidade de vida da população, porém, a constituição de um capital social inserido à nova realidade produtiva da região pode ter contribuído para que este crescimento econômico se potencializasse e se transformasse, também, em desenvolvimento social.  A Teoria do Lugar Central, desenvolvida por CHRISTÄLLER (1933), baseia-se no princípio da centralidade, sendo o espaço organizado em torno de um núcleo urbano principal, denominado lugar central. A região complementar, ou entorno, possui uma relação de co-dependência com o núcleo principal, por este ser o local que oferta bens e serviços por natureza urbanos. A base da teoria define que o ritmo de crescimento de um núcleo urbano depende do nível de demanda por serviços urbanos especializados sobre a área atendida pelos lugares centrais. Uma vez que no centro (lugar central) de Juazeiro é disponibilizado grande número de serviços dos mais variados, que é a função de um núcleo urbano: atuar como centro de serviços, assim fornecendo bens e serviços centrais, que se caracterizam por serem de ordens diferenciadas, gerando uma hierarquia de centros urbanos.
              O visível contraste entre as cidades de Juazeiro e Petrolina resulta do fato de que existiu ali e, isso no momento necessário, uma intervenção governamental decisiva, e a ação municipal em Petrolina se fez de forma mais organizada e racionalizada. Juazeiro é uma cidade muito mais antiga que Petrolina, onde a vida urbana se fez de uma forma mais espontânea, a configuração do próprio centro urbano de Juazeiro dá evidências de que o processo foi mais natural. Então se encontram ruas bastante estreitas no centro, diferentemente do que se percebe em Petrolina. E um grande diferencial de Petrolina, foi esse planejamento urbano, dentro de um projeto de cidade moderna, que no caso de Juazeiro não foi assim. A partir do que foi estudado para a realização deste trabalho percebe-se que o município de Juazeiro revelou um variado desempenho produtivo desde a década de 70, aumentando seu grau de industrialização, de oferta de infra-estrutura e de urbanização. A evolução das características estruturais do espaço urbano de Juazeiro, de certa forma contribuiu para o desempenho da cidade. Sua dinâmica urbana perpassou por diversos fatores, dentre eles a agroindústria e seus diversos serviços como bancos, hospitais e seu crescimento populacional.




REFERÊNCIAS:

http://www.cprm.gov.br/rehi/atlas/bahia/relatorios/JUAZ091.pdf acessado em 13 de fevereiro de 2011.

SANTOS, M; SILVEIRA, M. L. O Brasil: Território e sociedade no inicio do século XXI. - 9° ed – RJ: Record, 2006;

CORRÊA, R. L. O espaço Urbano. – 4° ed – SP: Ática, 2002;

CORRÊA, R. L. Trajetórias Geográficas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997;

www. sei. ba. gov. br – acesso em 133/03/2011;

www. Ibge.gov.br – acesso em 13/03/2011.

ROGERIO, Haesbaert; Região, regionalização e regionalidade: questões contemporâneas. Antares, nº 3 – jan/jun 2010.
BLOCH, Didier. As frutas amargas do Velho Chico: irrigação e desenvolvimento no vale do São Francisco. São Paulo: Livros da Terra-Oxfam,1996.


Koyaanisqatsi




É fato que as cidades sempre existiram, embora não apresentasse no passado a configuração das grandes cidades capitalistas. De acordo com o nosso entendimento percebemos a mudança na sociedade urbana que deixou de ser rural e passou a organizar-se no contexto urbano, ou seja, nas cidades. Com todos os elementos que vimos até aqui, ficou claro que as cidades concentram uma verdadeira mistura de diferentes referências culturais. A formação e crescimento das cidades estão associados ao seu poder de atração e pessoas de diversas partes que afluem para as cidades por diferentes motivos. São pessoas do entorno da cidade, da região, de outras regiões e até mesmo de outros países, como é o caso das metrópoles mundiais. Neste aspecto, a compreensão do cotidiano da cidade, suas práticas, referências e signos, são elementos essenciais para a nossa compreensão da cultura urbana, cultura esta que não está presa às raízes do passado, mas sim, uma cultura em constante transformação.
Segundo Paul Singer (1973), a cidade é o modo de organização (sócio) espacial que permite a classe dominante maximizar a extração regular de um mais-produto do campo e transformá-lo em garantia alimentar para sua sustentação e de um exercício que garanta a regularidade dessa dominação e extração. Posto dessa forma estabelece-se assim o que Henri Lefebvre (1969; 1999) denominou cidade política, ou seja, a cidade que mantém seu domínio sobre o campo (com a conseqüente produção é centrada no campo e a cidade, espaço não-produtivo privilegiado do poder político e ideológico, retira do excedente produzido no campo as condições de reprodução da classe dominante de seus servidores diretos, militares e civis, que a habitam.
A forma de viver foi modificada, os costumes da vida rural não podiam ser reproduzidos nos grandes centros urbanos. O modo de vida da cidade exige um comportamento urbano condicionado em uma série de procedimentos que implicam não apenas a forma de organização e orientação no espaço, mas também o deslocamento e o modo de viver. Os apartamentos, por exemplo, exigem não apenas uma adaptação ao estilo de moradia (quartos menores, banheiros e cozinhas minúsculos), como também afetam outras áreas do estilo de vida: elevadores que exigem tempo de espera, uso comum da água, distinção entre espaços comuns e privados, regras de convivência registrada em cartório civil etc. São regras que condicionam não apenas os espaços comuns públicos, mas também os espaços privados. Todas estas questões, embora subjetivas, condicionam a forma de viver das pessoas que precisam se conformar com as regras para viver em determinados espaços. E não é apenas no espaço de habitação que os critérios são estabelecidos, praticamente em todos os espaços urbanos sejam eles museus, cinemas, transporte público, praças, entre outros existe um código de conduta pré-estabelecido.
Essa seletividade – que se traduz em segregação especial – é a tradução especial no espaço de processo social cuja natureza é tanto econômica, fruto do desenvolvimento desigual e combinado, como de varias outras ordens. Segregação especial quase sempre é muito fácil de verificar-se de fenômeno visível a olhos nus. A cidade é repartida – toda ela – por delimitações tanto físicas quanto simbólicas. São bairros de elite, periferias carentes ou mesmo a mescla dos dois (complementares) mundos. Se a linha não é imaginaria, com divisões tácitas estabelecidas, por exemplo, pelo mercado, que impõe custo ao acesso e a proximidade, ou mesmo política, com a maior presença e circulação da policia, o recorte se faz visível através de demarcações territoriais por barreiras físicas. Advindas da construção de avenidas, viadutos, praças.  Tanto no filme koyaanisqatsi como nos artigos lidos fica claro que esse é um fato comum nas grandes cidades.
A questão fundante é entender - antes de saber como o capital constrói a cidade – por que esta é necessária para a acumulação de capital: por que a “urbanização do capital” partindo do mais geral e abstrato, Harvery escreve que “a organização especial de uma cidade é produzida pela interseção de fluxos de capital no mercado imobiliário com os requisitos da reprodução da força de trabalho e das relações de classe” (1989a: 12 – tradução livre).
Afirma ainda que a transição de uma cidade produzida por forças de fora lógicas da acumulação para uma produzida por forças legais a esta lógica ocorre quando a sobreacumulação surge como seqüência da produção e do consumo, quando crises se tornam manifestações das contradições internas do capitalismo e não de circunstâncias externas, como desastres naturais e guerras civis. Tal noção de crise é fundamental para a compreensão do pensamento harveyano sobre o desenvolvimento urbano, pois é parte da explicação de como e por que o capital produz o espaço construído da cidade.
A sociedade capitalista moderna consolidou a idéia de que as cidades são locais associados à modernidade, com todas as facilidades de uma vida de consumo e sucesso. A dicotomia campo-cidade vem sendo retratada no imaginário de todos como um contraponto entre o antigo e o moderno, o atrasado e o atual, o imóvel e o dinâmico. Existe a imagem da cidade que oferece mais empregos, mais condições de mobilidade social e econômica, mais possibilidade de sucesso e uma diversidade de serviços. Não é colocado em momento algum que esta acessibilidade está relacionada com o consumo, e, conseqüentemente, ao capital financeiro. Atraídos pelas possibilidades de melhores oportunidades nas cidades, milhares de pessoas migram nas suas próprias regiões ou intra-regiões em busca de realizar o sonho de uma realidade melhor.
Por outro lado, para os que vivem nas cidades, os problemas são muitos e reside em cada habitante o imaginário de uma qualidade de vida melhor, em cidades de pequeno e médio porte, sem o estresse do cotidiano causado pelo barulho, pelo trânsito e pela violência. Este panorama caótico das cidades modernas levou vários artistas a criarem suas obras, a partir de suas inquietações com o estilo de vida urbano e suas contradições. Um trabalho que exemplifica bem a preocupação com o modo de vida urbano é o documentário Koyaanisqatsi: Life out of balance, dirigido por Godfrey Reggio em 1983. O filme mostra através de um olhar muito particular, cenas da cidade aceleradas, apontando para a irracionalidade em nosso modo de viver. O título complicado do filme é uma palavra utilizada por tribos indígenas que significa “vida louca” e tem uma função importante na narrativa. Considerado uma obra prima visual com excelente trilha sonora, o filme nos leva a uma reflexão profunda sobre ações aparentemente banais do cotidiano das cidades.
Assim, verificamos que as estruturas da organização espacial também afetam as relações do tempo nas grandes cidades, modificando as duas categorias essenciais para o ser humano, que são concretizadas nas ações do cotidiano. O dia a dia das pessoas, principalmente nas grandes cidades, é um retrato da estrutura da sociedade e autores como Lefebvre (1991) o consideram tão importante que afirma que “quando as pessoas não podem mais  viver sua cotidianidade, então começa uma revolução. Só então. Enquanto puderem viver o cotidiano, as antigas relações se reconstituem” (LEFEBVRE, 1991, p.39). Investigar o cotidiano e a sua importância na vida moderna é essencial para compreendermos a lógica da vida urbana e seus impactos em nossa sociedade.
Assim, a questão urbana havia se transformado na questão espacial em si mesma, a urbanização passou a constituir uma metáfora para a produção do espaço social contemporâneo como um todo, cobrindo potencialmente todo o território nacional em bases urbano-industriais. Por outro lado, a politização própria do espaço urbano agora estendido ao espaço regional reforça preocupações com a qualidade da vida quotidiana, o meio ambiente, enfim, a reprodução ampliada da vida. O industrial passou a ser, pelo menos virtualmente, submetido a limitações do urbano e por exigências da reprodução. Neste contexto, a re-politização da vida urbana torna-se a re-politização do espaço social:
Por outro lado, há modulações inversas também. As cenas do lançamento do foguete que abrem e fecham o filme, são férias em câmera lenta, planos duradouros e melodias demoradas, ressonantes. O que chama atenção é a opinião é a onipresença do ritmo, imagético e sonoro, como dominante da experiência provocada por koyaanisqatsi. Modular nossa forma de ver o mundo parece ser definitivamente à estratégia sensorial deste filme, e não apenas pela dimensão do ritmo e do tempo: a escolha dos enquadrados é também diferenciada.
 A seleção das imagens humanas também é significativa: alem das explosões, demolições e maquinarias pesadas, há construções visuais figuradas – uma delas é enquadramento em close de uma família relaxando na praia, que assim como o plano do caminhão, lentamente se abre para um plano-geral que mostra que a “praia” ironicamente esta ao lado de uma usina atômica. Outra construção visual figurada é a montagem que compra metaforicamente a visão celeste de metrópole com um microchip.
De acordo com a análise dos textos e filme concluímos que, se as metrópoles atuais são centros privilegiados de produção e difusão de cultura e conhecimento e, nesse sentido oferecem potencialmente melhores oportunidades de vida a seus habitantes, são também centros de produção de problemas que desafiam a capacidade humana em resolvê-los. As soluções para questões como moradia, saneamento, saúde, transporte, emprego, proteção ao meio ambiente ainda não podem ser encontradas num horizonte previsível de tempo. As ações do estado ou da própria sociedade civil, nu sentido de melhorar as condições de vida nos grandes centros urbanos, são sempre pontuais e incapazes de dar conta do conjunto de problemas que afetam milhões de habitantes.
O enfrentamento de problemas tão abrangentes passa pela definição de padrões aceitáveis de qualidade de vida nas áreas metropolitanas que são locais de moradia e de trabalho de parcelas cada vez maiores da população mundial. Saídas para os atuais impasses apenas serão encontradas através da criação de mecanismos legais e instrucionais adequados de gestão urbana, do estabelecimento de políticas publicas voltadas para a satisfação de necessidades das maiorias e de ações efetivas de civil destinadas a ampliar e garantir o exercício dos direitos de cidadania.

sábado, 9 de abril de 2011

COPERJ E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA CIDADE DE JUSSARA BAHIA

COPERJ E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA CIDADE DE JUSSARA BAHIA
Ilvanete Pires de Carvalho[1]
José Renato Brito de Almeida
Lusinete Barbosa dos Reis Cunha


A COPERJ (Cooperativa dos Empreendedores Rurais de Jussara) foi fundada no ano de 2001, visando assegurar aos cooperados a expansão de seus negócios relacionados as atividades de ovinocaprinocultura. Hoje, a COPERJ conta com a inclusão de mais 450 associados, dispostos a trabalharem em harmonia com os ditames legais da associação. Segundo o presidente da COPERJ, Vanderlan Araújo, a associação já participa a alguns meses do projeto do governo federal Fome Zero, entregando mensalmente 31 mil litros de leite na sua comunidade. Os associados entregam o leite para ser beneficiado pela associação e esta devolve aos próprios cooperados e outros moradores que têm filhos matriculados nas escolas municipais.  Esta parceria com o governo rendeu para o estado da Bahia, o prêmio nacional Josué de Castro, no valor de 11 milhões de Reais. Esta conquista é um capítulo importantíssimo na história de Jussara, que nunca desistiu de encontrar soluções de convivência com o semi-árido. A emoção das famílias que criam os animais e as que recebem o leite beneficiado é bem evidente. (Jornal da SEDES, p. 5)
Com a higienização do rebanho e o monitoramento técnico, diminuiu grandemente as percas de animais. As cabras reproduzem normalmente, aumentando numérica e qualitativamente os rebanhos. O processo de beneficiamento do capim, a silagem, é outro fator imprescindível para o bom andamento do projeto. Usando a forma redonda, os criadores tinham prejuízos com o desperdício da ração, até que Gilvan Brito, um dos cooperados, desenvolveu uma forma retangular de fazer a silagem, pondo fim no desperdício. Essa simples mudança, patenteada por Gilvan Brito, é hoje referência nacional.   
Um trabalho pioneiro na região de Irecê, que vem substituindo com eficácia a carência deixada pela redução da produção do feijão. O Cooperativismo é um sistema econômico que faz das cooperativas a base de todas as atividades de produção e distribuição de rendas, tendo como objetivo difundir os ideais em que se baseia, no intuito de atingir o pleno desenvolvimento econômico e social de seus participantes.
Além das atividades na produção de laticínios, a COPERJ conta, também, com um abatedouro, um frigorífico, um curtume de couros (inaugurados no dia 3 de março deste ano) e uma fábrica-escola de manufaturados de couro, que ainda será inaugurada. O abatedouro iniciou o abate experimental de 34 ovinos e caprinos no dia 30 de julho deste ano, sob a supervisão de consultores do SEBRAE/BA e técnicos da ADAB (Agência de Defesa Agropecuária da Bahia). A COPERJ abriga produtores de ovinocaprinocultura de sete cidades da região de Irecê: Jussara, São Gabriel, Itaguaçu da Bahia, Gentio do Ouro, Munlugu do Morro, Uibaí e Xique-Xique.
A cooperação é de suma importância entre os cooperados, pois todos precisam andar em sintonia, com os mesmos objetivos, lutando pelos mesmos ideais, tendo em mente as necessidades do grupo organizado. Estas organizações, em expansão em todo o mundo, carecem de estudos que enfoquem aspectos psicossociais indispensáveis para o seu êxito. A psicologia pouco fez para compreender as cooperativas, e a atuação dos seus membros. As cooperativas surgem para servir como um bem social, como alternativa em prol dos trabalhadores face as incertezas e crueldade do mercado.  
As cooperativas surgem, na maioria das vezes, diante da crise de empregos. Não obstante, a cooperação manifesta-se com mais clareza externamente as relações de trabalho. Cooperativa é um modelo de estrutura organizacional, da qual se originam sociedades democráticas com objetivos específicos, regida por princípios de igualdade no que se refere a propriedade, gestão e repartição de recursos. O cooperativismo rural tem sido visto como mecanismo de modernização da agricultura, estratégia de crescimento econômico ou instrumento de mudança social.
Para Schneider (1981), o cooperativismo rural no Brasil tem procurado harmonizar as dimensões econômicas, sociais e culturais do processo de desenvolvimento do país, sem depender das condições estruturais concretas as quais ele se sobrepõe.
A partir da leitura de Maria José Carneiro, compreendemos que a agricultura familiar tem sido um indicativo de mudanças na orientação do atual governo em relação a agricultura e aos próprios agricultores, principalmente agora, pois o governo pretende ampliar o conceito de desenvolvimento com a noção de sustentabilidade, incorporando outras esferas da sociedade, além da estritamente econômica, também a educação, a saúde e a proteção ambiental.  

Obs.: Trechos do artigo foram feitos com base na entrevista com o Presidente da COPERJ, o Sr. Vanderlan Araújo.





Referências:
Agência SEBRAE de Notícias da Bahia. (71) 3320-4427
Na corda e no sonho. Jornal da Sedes Estadual, pp. 6,7 - n. 5 – Janeiro/Fevereiro, 2009
Disponível:
Acessados em 18 de junho de 2010.
Francisco José Batista de Albuquerque e Carlos Eduardo Pimentel. Psic.: Teor. E Pesq. Vol. 20, n. 2 – Brasília, maio/agosto, 2004
Rosemeire Aparecida Scopinho. Psic. Soc. Vol. 19, n. spe – Porto Alegre, 2007
Pedro Jacobi. Cad. Pesqui. N. 118 – São Paulo, março, 2003
Maria José Carneiro. Estudos, Sociedade e Agricultura, 8. Abril, 1997.





[1] Estudantes do Curso de Geografia/PROESP pela Universidade do Estado da Bahia, Campus XIV – Irecê.

Dinâmica do Pólo Petrolina-Juazeiro



Infraestrutura urbana é o conjunto de obras que constituem os suportes do funcionamento das cidades e que possibilitam o uso urbano do solo. No centro de Juazeiro é notório que a infraestrutura é bem melhor do que nas áreas periféricas da cidade, pois a mesma possui calçamento, esgotamento sanitário e abastecimento de água. O fato de essa área receber grande fluxo de pessoas diariamente exige que sua infraestrutura seja adequada para suportar e satisfazer seus visitantes. Já nas áreas periféricas da cidade percebem-se menos investimentos por parte do poder público e privado.
FAZENDAS SPECIAL FRUIT

As Fazendas Special Fruit são hoje uma referência na produção e exportação de frutas no Vale do são Francisco. Com uma área de mais de quatrocentos hectares de terras, nestas fazendas cultiva-se uva, manga e outras frutas, além de preparar estas frutas para a exportação, o que exige mão-de-obra qualificada, especialmente nos galpões, pois o trabalho ali requer bastante higiene para garantir a melhor qualidade possível das frutas. Estas estão sendo exportadas para países da Europa e Estadas Unidos, além de países do MERCOSUL. O refugo, as frutas que não passam no teste de qualidade, são vendidas para atravessadores da região, conhecidos como refugadores que, por sua vez, as vendem, muitas vezes, no Mercado do Produtor em Juazeiro, para barraqueiros de outras regiões.
Quando iniciou suas atividades, o Sr. Suemy Koshiyama, dispunha de bem menos terras do que agora. Com o aumento da produção e, mais tarde a exportação, ele começou expandir a área de suas terras, e hoje é um dos maiores latifundiários do Vale do São Francisco.
Em suas fazendas trabalham cerca de quatrocentas até duas mil pessoas durante o cultivo das frutas. Estas pessoas moram, geralmente, na periferia de Juazeiro e em alguns povoados e distritos próximos as fazendas. Muitas vezes, esses trabalhadores vivem sob as piores condições - falta saneamento básico, pavimentação, área de lazer e, por incrível que pareça, até segurança – nos lugares onde moram. ‘Cerca de dois terços dos empregos agrícolas são temporários’ (Bloch, 1996), na região de Juazeiro e Petrolina. Isso explica por que tantas famílias vivem em condições insalubres na periferia da cidade de Juazeiro.

VINÍCOLA OURO VERDE

A Vinícola Ouro Verde está localizada no município de Casa Nova na Bahia. Conta com o apoio de quatro enólogos (pessoas que elaboram vinhos), trabalhando por tempo integral na produção de vinhos finos, espumantes e brandy (conhaque). Na fazenda são cultivadas somente uvas próprias para a fabricação das bebidas, cerca de quinze a vinte variações: Merlot, Sauvignon Blanc, Cabernet Sauvignon, Tannat, Shiraz são alguns exemplos. Em virtude do clima tropical semiárido com grande incidência de insolação e baixa precipitação de chuvas, os vinhedos são irrigados pelo sistema de gotejamento, similar ao utilizado em outras regiões do mundo.  A Vinícola Ouro Verde, já existe a mais de 20 anos, a qual recentemente, foi totalmente reformada e ampliada para atender a atual demanda.

O grupo já possui seis projetos em cinco regiões vitivinícolas brasileiras: Vinícola Miolo (Vale dos Vinhedos, RS), Seival Estate (Campanha, RS), Vinícola Almadén (Campanha, RS), RAR (Campos de Cima da Serra, RS), Lovara Vinhas e Vinhos (Serra Gaúcha, RS) e Vinícola Ouro Verde (Vale do São Francisco, BA).
“Para se produzir um bom vinho é necessário uma boa uva”, segundo Rafael, enólogo responsável pela produção de vinhos da Vinícola Ouro Verde. No período das chuvas, a uva fica cheia de água, reduzindo, assim, o teor de ácido, tornando-as impróprias para o uso. A vinícola chega a produzir até três safras por ano, o que garante a produção de cerca de 2 milhões a 2,5 milhões de litros de vinhos ao ano. Hoje a vinícola é a terceira maior produtora de vinhos finos no Brasil.
Parte do vinho é exportada para a República Theca, conjugada com a exportação de frutas do Vale do são Francisco, justifica a instalação e funcionamento de um aeroporto internacional na cidade de Petrolina, próximo da Vinícola Ouro Verde. O vinho no Brasil é bem mais caro do que em outros países, por que o imposto da bebida chega a 40%, o que explica o motivo do brasileiro degustar tão pouco vinho de qualidade.

USINA HIDROELÉTRICA DE SOBRADINHO

Localizada no terceiro maior lago artificial do mundo, o maior da América Latina, a Usina Hidroelétrica de Sobradinho, gera e exporta energia para toda a Região de Juazeiro e para várias cidades da Bahia, inclusive para a Microrregião de Irecê. A CHESF (Companhia Hidroelétrica do São Francisco) é responsável pelo funcionamento e manutenção da hidroelétrica.
Para a instalação da usina fez-se necessário o evacuamento das pessoas que moravam nas cidades ribeirinhas de Sobradinho, Casa Nova, Sento Sé, Pilão Arcado e Remanso, pois as águas do lago inundariam estas cidades. Para isso foi feito um acordo entre a CHESF e os moradores dessas cidades. Cada família receberia o equivalente aquilo que possuía que seria inundado pelas águas.
Hoje existe um consórcio de energia entre as diversas usinas no Brasil. Quando falta energia em uma delas, as outras poderão fornecê-la, pois estão interligadas por meios de cabos.
MERCADO DO PRODUTOR DE JUAZEIRO

Consiste na compra e venda de produtos agrícolas, frutas e legumes, oriundas de Juazeiro e de outras cidades, inclusive de outras regiões, destaque para a pinha, que vem da Região de Irecê. Neste mercado, a maior parte das frutas comercializadas são refugos das fazendas da região.
O espaço físico do Mercado do Produtor é dividido em dois depósitos, para facilitar a procura dos produtos: de um lado está a venda no atacado e do outro, em varejo. Há bastante movimentação no mercado. Caminhões entrando e saindo carregados de frutas, mas uma coisa chama a atenção dos visitantes: carroças de tração animal circulam livremente por meio dos caminhões, carregadas de frutas, trazidas por pequenos agricultores da região.
No Mercado do Produtor, porém, o comércio não limite apenas a compra e venda de frutas e outros produtos irrigados, também oferecem outros serviços. Há pequenas lojas de confecções, bares, lanchonetes e, inclusive restaurantes, instalados perto de toda uma infraestrutura considerada imprópria para a comercialização de comidas prontas. Uma área saturada de córregos fétidos, cheia de restos de frutas estragadas jogadas a esmo.
REFERÊNCIAS
   
FILHO, S. F. S. O. XAVIER, L. F. Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Economia da UFPE (Pimes). Graduandos em Ciências Econômicas pela UFPE.  COSTA, E. F. Professor de Economia do Departamento de Economia/Pós Graduação em Economia (Pimes), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) M. S. e Ph.D. em Economia Agrícola (University of Georgia), 2001.
BLOCH, Didier. As frutas amargas do Velho Chico: Irrigação e Desenvolvimento no Vale do São Francisco. São Paulo: Livros da Terra-Orfam, 1996.